Boca no Trombone
Crianças da região falam abertamente que Brasil querem quando crescerem
Crianças da região falam abertamente que Brasil querem quando crescerem
Ano de eleição e mais uma vez tentamos renovar nossas esperanças em busca de um lugar melhor para se viver. É verdade que alguns adultos com muitos anos bem vividos apresentam certa frustração ao lembrar tantas eleições e tantas decepções. Apesar disso, não se pode conter a inocente esperança que trazem as crianças de hoje, a tão nomeada "futura geração". São elas que usufruirão e interagirão com o Brasil dos próximos anos. São as ações delas que transformarão o amanhã.
Por conta da chegada do Dia das Crianças, quando nos lembramos dos mais baixinhos e dos seus direitos, normalmente esquecidos, e do período de eleições, decidimos dar voz às crianças.
É comum, nesses períodos de eleição, as escolas realizarem uma espécie de pequena votação interna entre os candidatos reais para os principais cargos disputados. Ações desse tipo são importantes para introduzir a criança em seu papel de cidadão, de deveres e direitos que em poucos anos passarão a cumprir em definitivo.
Há ainda os casos em algumas escolas que alunos se juntam para montar sua própria chapa e criar campanhas e propostas. Atitudes assim geram o senso de responsabilidade em cada um, e faz reconhecer a força e o valor das palavras ditas.
Fora das escolas, as crianças acabam encarando as eleições com mais seriedade e até querendo já participar.
Para conhecer melhor o que a garotada de hoje pensa, entrevistamos oito crianças, sendo metade de escolas particulares e a outra metade de escola pública, na faixa de oito a doze anos.
Em relação ao Dia das Crianças, grande expectativa dessa faixa etária, muitas o consideram mais uma data no ano de se ganhar presentes.
- Assim como tem o Dia das Mães e o Dia dos Pais, tem o Dia das Crianças, afirma Cristian de Oliveira, de 10 anos, estudante da Escola Municipal Sérgio Buarque de Holanda (conhecido como Serjão), localizada no Parque das Rosas.
Clara Carvalho, de nove anos, aluna do Colégio Saint John, escola particular, também no Parque das Rosas, vai além e considera o Dia das Crianças como um segundo aniversário.
Partindo para as eleições, fizemos uma pergunta mais objetiva. No geral, quando perguntados sobre a partir de que idade é possível votar, não souberam responder, confundindo-se, às vezes, com a informação de que a partir dos 18 é obrigatório.
Aos próximos governantes, o pedido mais constante foi em relação à educação. É necessário um investimento maior nesse setor.
- Podiam mandar mais material para as escolas e manter uma merenda mais gostosa. Além de construir mais áreas de lazer, pede Lara da Costa, de 11 anos, do Serjão.
- Mais escolas públicas, com certeza. E mais matérias na escola. Muito mais hospitais; tem muita criança doente. E, uma praia só para as crianças, enumera Clara Carvalho.
Maria Carolina, de 11 anos, também da Escola Sérgio Buarque, é mais radical e acha que não deviam deixar as crianças faltarem tanta aula.
Ian Hossman, também aluno do Saint John, se lembra das crianças em situações menos favorecidas e que precisam de uma atenção maior.
- Gostaria que ajudassem as crianças com dificuldades econômicas, porque as outras já são bem favorecidas. As escolas públicas não são tão boas, o governo podia ajudar a melhorar e ter uma educação boa, pede Ian.
Mesmo lembrando-se das necessidades mais urgentes, um pedido inocente e realmente pertinente à idade surge entre tantas vozes:
- O novo presidente podia fazer uma festa com muito brinquedo, pede Talita Passos, de 11 anos, do Serjão.
O Brasil do Futuro deve ter principalmente menos violência. Desse pedido uníssono pode-se concluir que as crianças de hoje têm medo do aumento da criminalidade e ao que elas podem estar sujeitas quando crescerem caso a situação não melhore.
- Gostaria de um Brasil com menos pessoas abandonadas, pedindo dinheiro nos sinais de trânsito, pessoas mais educadas, menos número de crimes e assaltos, enumera Ian.
Outras ideias também foram apresentadas, levando-se em conta principalmente a questão da ecologia.
- Deveria ter mais cultura e mais cuidado com o meio ambiente. Todo mundo joga lixo no chão, sempre tem sujeira no mar. Os donos de cachorro não levam saquinho para limpar o coco dos cachorros, reclama Clara.
- Viajei para Berlim, na Alemanha, com a minha família e adorei a cidade. É bem moderna e os meios de transporte funcionam. Lá eles incentivam o uso da bicicleta. Toda rua tem ciclovia. Melhoraria o trânsito e também o meio ambiente, exemplifica Mariana Souza Leal, de 12 anos, do Saint John.
Para finalizar, perguntamos a cada um como poderiam contribuir para ter esse Brasil melhor que tanto querem. Pode-se afirmar que essa foi a pergunta mais difícil de ser respondida pelas crianças. A maioria não soube muito bem o que responder, mas mencionou que pode ajudar não sujando as ruas. Já é um bom começo!
- No colégio, temos aula de educação ambiental e aprendemos coisas interessantes. Olhamos na rua e vemos muito lixo, isso contribui para a poluição visual e para a poluição do solo, explica Mariana.
Porém a melhor contribuição veio de Luisa Foss de Oliveira, também estudante de escola particular, com oito anos – a mais nova entre os entrevistados –, que prontamente respondeu.
- Vou concorrer à presidência.
Fica a esperança por melhores dias!
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